Eletrônicos piratas e a repressão ao comerciante informal – Havan (?) Anatel e o Governo Federal

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Desde que o consórcio entre a Havan, a Multilaser e outras empresas pediram a taxação automática dos produtos importados diretamente pelo consumidor final, vindos da China, já era de se entender que alguma coisa contra o comércio desses produtos no Brasil iria acontecer e haveria uma dificultação do comércio dos produtos chineses que não passavam pelo crivo da Anatel.

Eu mesmo publiquei matéria aqui no GPS.Pezquiza.com na época em que eu dizia que até poderia não ser de imediato, como foi pedido pelo véi da Havan, mas que uma hora iria acontecer, iria.

E para a minha surpresa está acontecendo da maneira como a turma da repressão bem gosta de fazer e é diferente do como os inocentes acham que acontece.

Vamos analisar os lances da jogada:

– O comércio dos produtos não homologados explode no Brasil e sobrevivendo dele vem uma onda gigante de pequenos comerciantes, com portinhas abertas no bairros vendendo pequenos eletrônicos, acessórios para celular, caixas de som e etc. Não vamos negar, existem também alguns ganhando uma grana muito alta com esses produtos, mas na ponta eles acabam sendo a salvação de uma legião de pessoas que preferem empreender na informalidade que se empregarem por um salário de extermínio.

– As empresas que também importam muitos produtos da China, cumprindo todo o rito burocrático do Brasil, inclusive as regras e carimbos das agências regulatórias (não podemos esquecer que elas tam indepedência de ação em relação ao poder executivo federal); muitas das quais já tem uma bela fatia do mercado brasileiro de eletrônico e entendendo que por cumprirem com os ritos governamentais a totalidade do mercado (leia-se potenciais compradores) lhes pertence; resolveram colocar a boco na trombone e exigir a eliminação da concorrência informal através da super taxação desta via de aquisição de produtos chineses.

– Por estar em ano de campanha eleitoral, o executivo federal barra o pedido das grandes empresas importadoras de eletrônicos.

– A Anatel (que como outras agências reguladoras e outros poderes, vive batendo de frente com o executivo federal) resolve agir para desistimular os meios usados pelos comerciantes informais de eletrônicos chineses.

E podemos esperar que esse movimento só irá acelerar daqui pra frente, empurrando essa onda de informais no digital de volta às portinhas físicas até que a Anatel e seus companheiros resolvam reprimir (também) os distribuidores e atacadistas chineses que existem em diversas regiões metropolitanas do Brasil.

Ora, é exatamente dessa maneira que as coisas sempre acontecem nos países em que essas tais agências existem, devagar e sempre, cozinhando o sapo devagar e os pequenos vaõ ficando com a sua fatia de pizza cada vez mais magra enquanto a pizza dos grandões vai ficando cada dia mais recheada.

Qual é o destino dos pequenos reprimidos? Voltar a trabalhar para os grandões e/ou voltar a comprar apenas deles.

Quem conseguiu o seu intuito? Aquele consórcio que deu a grita e acelerou o movimento contra os informais. Quem se preservou na fita? O executivo federal que vai dizer que tenou, mas como sempre não conseguiu nada (mas o povo desculpa dizendo: pelo menos tentou, está do nosso lado). No fim, quem se ferrou realmente? Os pequenos comerciantes e o comprador pobre. O motivo todo pobre sabe muito mente no seu próprio bolso.

Um país como o Brasil nunca vai estimular, realmente, o pequeno empreendedor. Muito pelo contrário.

Arruma-se qualquer desculpa burocrática e da-lhe repressão no lombo do pobre. Até que todo mundo vá para a CLT e amontoe os cofres do governo com os impostos incidentes sobre cada trabalhador.

Enviem seus currículos para a Havan, quem sabe ele vai abrir mais uma centena de lojas depois que a maioria dos pequenos empreendedores informais forem impedidos de continuar.

Ah, e estamos comentando isso com foco na apreensão nos armazéns da Amazon… Mas se você procurar este tipo de operação está acontecendo com muita regularidade em muitos outros armazéns similares, Brasil afora.